28.10.08

 
Postinor

Postergou.

23.10.08

 
Minifato III
(a realidade goleando a ficção)


Cholla ganhou uma menção especial numa exposição de arte na Itália.
Os jurados só ficaram meio constrangidos ao saber que a pintora é uma égua.

21.10.08

 
O dia em que São Paulo parou


Primeira.
O sinal fechado.
Primeira.
A rua cheia.
As buzinas gritando.
As pessoas cheias.
O viaduto sem farol,
mas que não anda;
só enfeia a cidade.
As promessas dos candidatos.
O carro parado.
A vida parada.
O ambulante em cima do Minhocão.
Embreagem.
Ponto morto.
Primeira.
Os prédios escarrados da poluição
que tosse pneumonicamente dos carros.
A temperatura subindo.
A luz amarela da reserva.
A raiva crescendo.
O compromisso sendo perdido.
A gasolina subindo.
Segunda.
O tempo passando.
A reserva sendo perdida.
A cabeça explodindo.
Freio.
Embreagem.
Primeira.
A vida que podia estar acontecendo.
Segunda.
Freio.
Buzina.
Batida.
Briga no trânsito.
O revólver que não devia estar ali.
A vítima que não devia estar ali.
A morte aqui.
Local interditado.
Sirenes.
Ambulância
─ ─ ─
─ ─ ─
─ ─ ─
─ ─ ─
que não chega a tempo.
Mais trânsito.
Primeira.
Duas horas.
Segunda.
As mentiras dos candidatos.
Uma terceira que é finalmente engatada, mas os 40 quilômetros não recuperam o tempo de uma vida inteira perdida.

16.10.08

 

Ingressos e críticas



Coleciona ingressos. Milhares deles. De teatros, filmes, shows, palestras, tudo.

O Banheiro do Papa. Saneamento básico.

Dava nota e fazia uma microcrítica de até cinco palavras.

Subterrâneos. Podia ir mais fundo.

Muitas ácidas e satíricas.

Monólogos da vagina. Sem diálogos.

Ficou famoso. Saiu na imprensa.

53ª festa de Barretos. Meio barrenta.

Todos temiam que morresse e suas críticas viessem a público.

Simpatia. Vago simpático.

Morreu.

Quanto vale ou é por quilo? Valioso, pesado e parcialmente indigesto.

Divulgaram tudo.

Este corpo que não te pertence. Precisa incorpar; não incorporar.

O céu cinco minutos antes da tempestade. Chuva normal.

Motel paradiso. Motel parado.

Linha de passe. Impedimento?

Coração vagabundo. Coração marca-passo.

Céu. Uma ascensão no ar.

Saramago. Um Nobel nobel.

Match point. Allen não alienado.

Paranoid park. Paranóia normal.

Deixou centenas de inimigos.

Vinicius. Foi eterno e durou.

E ganhou um epitáfio que também não aprovaria: “Até que enfim se foi”.


11.10.08

 
Minifato II
(a realidade goleando a ficção)


A lei seca diminuiu consideravelmente o número de acidentes fatais no trânsito.
E aumentou a quantidade de pessoas mortas por atropelamento.

7.10.08

 
Tato tem memória


A palma da mão que sua e é sua espelha e espalha nos poros as lembranças que afago de você.

Melhor que a memória, ela guarda e aguarda o formato do seu corpo e sente saudade dos toques a toque de caixa que se encaixavam nos seus vãos e desvãos.

Mas constata que não tem mais seu contato, e que as linhas desse contrato rompido parecem agora tão desalinhadas quanto às da mão que se cruzam e se perdem sem direção.

Fria, não irradia mais o calor da sua presença e a ciência dela, professora de lugares e acidentes geográficos que ela não se cansava de percorrer, explorar e implorar.

Quase sem função, tenta permanecer inerte, à espera do ato e do tato, tanto quanto pode opor-se a algo cuja existência depende simbioticamente da sua essência.

Sem nada sobre e sob sua palma, queda-se em queda livre, obrigada que está a viver em torno dos seus contornos.

E no desencontro dessa via de mão única, resiste a abrir mão de quem a deixou de mãos vazias e quebrou o trato desse tato.

2.10.08

 

Minifato
(a realidade goleando a ficção)


22% dos candidatos em São Paulo têm antecedentes criminais.
(Fato com precedentes. Mas sem procedências.)


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