24.11.09

 
Hérnia de disco


E o disco tá riscado bem onde canta a dor.

17.11.09

 
Durante o meio segundo que você leva pra desviar o olhar


Farol vermelho. O carro é chique. Deve ter grana. Penso em pedir. Mas os que têm grana são os piores. Só pobre sabe o que é fome. Será que rico nunca teve fome? Nem quando faz regime? Despenso. Mas eu tô sempre pedindo. Implorando. E nada. Eu-podia-estar-matando. Eu-podia-estar-roubando. Eu podia dizer outras coisas. E ouvir outras coisas além de “não”, “não tenho”, “hoje não”, “tô sem trocado”. Ou a cabeça deles balançando que não, seguida daquela cara de quem tenta mostrar que é mais miserável que eu. Mas o pior de tudo é o barulho do vidro automático fechando na sua cara. Sem uma palavra. E com todas as palavras que eu sei que eles falam por dentro. Acham que sou vagabundo. Que nunca quis estudar. Que tive mãe, pai, casa, família, essas coisas de gente comum. E que tenho mais é que me ferrar mesmo. Pô, mas esse parece diferente. Não custa tentar. O estômago gritando: “vai!”. Tem jeito de religioso. Senhor, desculpe incomo...

10.11.09

 
Na falta de um bom título


“Perto do coração selvagem
Grande sertão: veredas
Uma faca só lâmina
O livro das ignorãças
Vaca de nariz sutil
Um circo de rins e fígado
Quem não sabe mais quem é, o que é e onde está precisa se mexer
Objeto selvagem
Eles eram muitos cavalos
Fátima fez os pés para mostrar na choperia
Vastas emoções e pensamentos imperfeitos
Vem buscar-me que eu ainda sou teu
O filho eterno
O tempo e o vento
A educação pela pedra
A teus pés
Distraídos venceremos
Roda viva
Angu de sangue
Doce de sal
Infinito particular
Cronicamente inviável
Tudos
Pérolas aos poucos
Um copo de cólera
Cem anos de solidão
Malaguetas, perus e bacanaço
As intermitências da morte
Razão e sensibilidade
A orelha de Van Gogh
O caminho para a distância
Claro enigma
A insustentável leveza do ser
Antes do baile verde
Sombras de reis barbudos
O pirotécnico Zacarias
A cinza do purgatório
O encontro marcado
Fragmentos de um discurso amoroso
Mundo enigma
Na vertigem do dia
Angústia
Livro do desassossego
Tu, só tu, puro amor
Dardará
Viaje na viagem”

4.11.09

 
Minicontos intitulados


Órfão
AplauS.O.S.
A incrível arte que eu não tenho de cantar junto uma canção que está tocando no rádio
Debatendo a cara pra bater
Amuleto de mim
A neurolingüística da casa de papelão
Como é que chama isso aí sem nome?
Receita para um natal feliz
O prelúdio do dilúvio
Escola de Samba Unidos da Desunião
Aeroporcos
A etérea esterilidade do meu desejo eterno e efêmero
Carrinho de batida
Depressão geográfica
Japonês-Hilux
Sua saudade não vale um cartão da Telemar
O manto úmido da saudade
Banheiros do Ó
1° Encontro Internacional de Desencontros
Teledoença
Onde se lê
Sem miniconto(s)
Zuz
Academia da Berlinda*
Sim para não
Malabares no ar
Olimpíadas do fracasso
Guarde você pra mim
Bora pra Borá
Tato tem memória
Empregadice
A Bienal hoje é um tobogã de emoções
Quando a cama quebrou
À Judas
Ex-comunhão
Os suicidas hereditários
O mundinho pequeníssimo do sr. Ínfimo
Há coitados açoitados no trem
De onde a gente parou
En(trave)
A liberdade que eu tenho pra sonhar
Vagantes
Palavras cruzadas (correção)
Morte deliveri

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