29.7.11

 

Isso


Câncer
“Escolha com quem vai passar o dia; isso* também influi.”



* Grifo nosso.


 

Captação híbrida


Capetalização.
Não, não fui eu que escolhi o nome da operação. Se não escolhi nem a minha vida, ia escolher um nome desses?
Por mim, também não haveria a tal de geolocalização. Meu grupo aqui, correndo da corja do Correria e da corregedoria, e eles atrás, cangoteando seus hálitos de enxofre em nossas nucas-quase-narinas cansadas do cheiro-bueiro dessa merda.
PORRA!
Por que nós?
Porque quebramos as regras? Demos meia duziazinha de tiros a mais? Matamos uns a mais? E daí? Quem nunca errou um tirinho? Tantas baladas perdidas e acharam só as nossas?
Não. Eles nunca erraram. São perfeitos no que fazem. E, pior, mais perfeitos ainda no que desfazem. E nasceram pra desfazer qualquer molécula de vida que estiver no caminho contrário deles.
Já sabíamos disso. Na mente. E, agora, no corpo.
Depois de pessoas, multidões, carros, ruas, pistas, pontes, atropelos, atropelamentos, nortes, sortes, mortes, eles conseguiram.
Mas, pensando bem, não somos presas fáceis.
Melhor eles não terem pressa.


25.7.11

 

Minifato XXVIII
(a realidade goleando a ficção)


“Com certeza isso estava nos planos de Deus.”
Engenheiro Marcelo Malvio Alvez de Lima, 36, que foi acusado de dirigir um Porsche a 150km/h e provocar o acidente que matou uma advogada de 28 anos, na cidade de São Paulo.


23.7.11

 

Construdestruição II


─ Mas como dormir pensando nessa retroescavadeira gigante aí do lado, escavando até as nossas almas?


21.7.11

 

Minifato XXVII
(a realidade goleando a ficção)


“Então, eu não posso mais abraçar meu filho em público?”
J.C.G., 42, que apanhou de seis rapazes que achavam que ele era homossexual e ainda cortaram sua orelha em São João da Boa Vista (SP).


19.7.11

 

Construdestruição


─ Que foi isso?
─ Outra pedrada?
─ É. Quebraram a janela desta vez.
─ Se pudessem, quebrariam nós dois.
─ Eles podem.
─ Sim... mas não seriam capazes.
─ Valemos bem menos que os milhões que eles vão ganhar.
─ Matariam seres humanos que não fizeram nada pra eles?
─ Isso pra eles não quer dizer nada...
─ E o que respondemos então?
─ O prazo era até hoje?
─ É.
─ E se não respondermos?
─ Seremos os únicos. Até o Wilson, que disse que não venderia a dele nem morto, deu pra trás e fugiu daqui.
─ O Wilson era um bosta.
─ Um bosta que vai continuar vivo.
─ Vivo e fedendo.
─ Mas salvo. Só nossa casa tá de pé nessa quadra entulhada de ruínas.
─ Que adianta sair e matar as nossas lembranças e o que fomos e somos aqui?
─ De que adianta continuar aqui e nos matarem?
─ E como sobreviver com a mixaria que deram pela casa?
─ Eles não deram. Tão nos forçando a vender por isso.
─ E vão embolsar milhões no prédio.
─ E isso agora?
─ Mais uma pedrada?
─ Sim, mas desta vez acho que é a pedra fundamental.


 
Minifato XXVI
(a realidade goleando a ficção)




“Obrigado, boa noite e bom apetite.”
Ladrão antes de sair de um restaurante de São Paulo onde roubou R$ 8.000 dos clientes.

12.7.11

 

VAI!


─ Tá esperando o quê?
─ Não sei.
─ Então começa.
─ O quê?
─ Cê sabe.
─ Sei do quê?
─ Estamos aqui pra isso.
─ Agora-já-assim?
─ Queria quando?
─ Preciso pensar um pouco...
─ Pensar era a etapa 1. Estamos na 4; a penúltima.
─ A última é qual?
─ Essa que você vai começar. AGORA!
─ Não sei se devia.
─ Eu sei. VAI!
─ Você não acha que podemos nos arrepender?
─ Achar era a etapa 2. A de encontrar a pessoa.
─ E agora?
─ E agora achamos alguém legal e você fica assim?
─ Queria que ficasse como?
─ De qualquer jeito. Menos feito estátua.
─ Isso é muito radical pra mim.
─ Se não fosse, não teria graça.
─ É. Não tô achando graça.
─ Até porque me saiu caro.
─ Mas foi ideia sua.
─ Foi ideia NOSSA!
─ Você queria mais do que eu...
─ Ó... Não quero me intrometer na relação de vocês, mas eu
─ Pode se intrometer. Pagamos pra isso.
─ Não precisa falar. Eu vou.
─ Vai?
─ SIM!
─ Que bom!
(...)
─ Hum...
(...)
─ Nossa!
(...)
─ UAU!
(...)
─ Tá. Legal. Agora vem.
(...)
─ Vem pra cá.
(...)
─ Chega. Vem pra mim agora!
(...)
─ Tô mandando você VIR porra!


 
O miniconto abaixo foi escrito especialmente para o site

Arte Latino Americana.

Confiram esse interessante e diversificado site
sobre arte e cultura do nosso continente.

2.7.11

 
Verniz saje


Falam que é arte.
Juntam um monte de quadro com uns rabisco estranho e falam que é arte.
Fazem evento.
Um tal de verniz... verniz sa... verniz saje.
Se me convidasse prum troço desse...
Vixe!
Ia ficar puta.
Já pensou?
Perder a novela por isso?
Eu já.
Tô lavando o banheiro desse povo.
Que é tão emperiquitado prumas coisa.
Mas entra no tualeti e só faz...
Melhor num falar.
E as comida?
Festa sem coxinha-empadinha-carne louca?
Tá doido?
Umas bolinha preta que eles chamam de kaveá?
E pingam só um tiquinho na maior muquiranagem no pão?
Quéisso?
E esses quadro branco pintado de branco?
Arte abstrata.
Dizem.
Pra mim é abestada!
O cara fica meia hora em pé olhando e aí fala que viu o que não viu e que o quadro tem o que não tem.
E faz sucesso.
E ganha mil vezes mais que eu.
E que o Jozemilson que fica escondido naquela barraquinha do Embu.
Ele pinta umas plantinha tão bonitinha-só-vendo.
As samambaia fica igualzinha!
E mal ganha pro PF.
Vai ver que é por isso que ele obra menos, bem menos que esses fresco daqui.

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