6.9.16

 
Ao sol, um mendigo velho bate os pés e sorri


E sorri porque hoje tem feira, a Rosália vem catar os restos do que restou e dormir do lado dele com a eterna garrafa de pinga; depois ela nem sente eles transarem.

Na outra semana ela faz 55, o pessoal do albergue compra um bolinho e o Jonielson topa dar um presente especial pra “tiazinha que não deve trepar há séculos”; por pena e porque ela dá a grana de três meses juntando latinha.

Jonielson, agora Johnny, tá no Trianon, sai na Ferrari sangue do italiano que pira quando ouve “Johnny B. Goode”, aumenta o som e a grana do michê pra eles curtirem “só esta vez” sem camisinha.

Em Amatrice, o italiano discute com o marido, que esfrega o teste de AIDS e a culpa na cara dele e desmorona:
um relacionamento de 20 anos;
os móveis do apê;
e o prédio
(ajudado pelo terremoto).

O Papa lamenta os 295 mortos, ora por todos e olha piedoso pro velho mendigo, que faz uma bolinha com o jornal, acerta um arremesso de três pontos na cesta de lixo, bate os pés e sorri.

 
MINICONTO
DEZ ANOS


Órfão
Como cheguei até aqui
AplauS.O.S.
A incrível arte que eu não tenho de cantar junto uma canção que está tocando no rádio
Cada um tem seu par
A venda
Derrota
Debatendo a cara pra bater
Amuleto de mim
A neolinguística da casa de papelão
Ex-tamira
Rio
Brasília
Feriados
O silêncio é a gente mesmo demais
Cemitério
Networking
Como é que chama isso aí sem nome?
Receita para um natal feliz
Ano novo, vida velha
Sérgio Sampaio
Sérgio Sampaio II
O prelúdio do dilúvio
Carência
Eu mereço coisa melhor
Três Carnavais
I - Escola de Samba Unidos da Desunião
II – Bandeira branca
III – É carnaval em Salvador
O dia em que o Sol sair de novo
Soberba
Você acha que consegue me cansar?
Aeroporcos
Que qui cê tem de goró aí? Porque eu não preciso beber pra ficar alegre
“Desvio para o vermelho”
“A minha casa é uma caixa de papelão ao relento”
Roteiro turístico
Bem imóvel
Fudeu!
A etérea esterilidade do meu desejo eterno e efêmero
Carrinho de batida
Casamento II
Casamento I
Casamento 0
Rádio-relógio
Depressão geográfica
PARE DE SOFRER!
Presença de espírito
A queda
Japonês-Hilux
Aeroporcos II
Ônibus
Serpentinas em luto
Equação
A volta da Manu
A volta (ou A vida não é Algodoal)
Sua saudade não vale um cartão da Telemar
O copo
"Vim buscar tudo o que é meu"
O manto úmido da saudade
Recado
Cartão de crédito
“Cai no areal e na hora adversa”
“Doce de sal”
Amostra da mostra
Janela
Finados
Banheiros do Ó
Olhos de ver
Futuro
Cela de menor
Destaque do mês
Batida
A gente não tem natal
Nós somos os seus piores pesadelos
Vamos matar logo esta saudade
Marca
Azulejos
PF & Cia.
Comida
Oração
Normalmente
Horizonte
Horário de verão
O segredo
O segredo II
São São Paulos
Achei que você teve certeza de que tivesse me visto
Contramão
Dengue
1° Encontro Internacional de Desencontros
Casais
Horóscopo
MATA!
Teledoença
Onde se lê
TÁ ASSUSTADO?
Sem miniconto(s)
Não converso com estranhos
Vasos comunicantes
O ganhador
Nascimento
Zuz
Academia da Berlinda*
Sim para não
Operação Solta e Agarra
Batmãe
Essa onda diet que emagrece a vida
Malabares no ar
Olimpíadas do fracasso
Supersuperficial
Encontro
Minicontos fraseados
Guarde você pra mim
Bora pra Borá
Tato tem memória
Ingressos e críticas
O dia em que São Paulo parou
Postinor
Telemarketing
Empregadice
Minicontos fraseados II
Deu tudo certo até começar a dar errado
A gente não se bate muito
A Bienal hoje é um tobogã de emoções
Caixinha de natal
Quando a cama quebrou
Presente de natal
Xadrez de olhar
O que você vai fazer da sua vida agora?
Miséria
À Judas
Melhora
O pedido
O pedido II
11 Pontos de alagamento
O X da xenofobia
O complexo caminho das lágrimas
Ex-comunhão
Os suicidas hereditários
O mundinho pequeníssimo do sr. Ínfimo
Aumento
Inverdade
LAVAMOS
Quer sair?
Há coitados açoitados no trem
Pandemia
Elevador
Nossa igreja está crescendo
Retiro espiritual
Açougueiro de luxo
A testemunha
O cheiro do seu cabelo
De onde a gente parou
En(trave)
Atos secretos
A liberdade que eu tenho pra sonhar
Essential things of Brazil
Vagantes
O povinho do pacote
Lembranças escurecidas pelo tempo
Palavras cruzadas (correção)
O medidor de palavras
Desfile
Minicontos fraseados III
Malabares no ar II
Malabares no ar III
Morte deliveri
Minicontos intitulados
Na falta de um bom título
Durante o meio segundo que você leva pra desviar o olhar
Hérnia de disco
A edícula do inferno
"Abacaxizinho de Natal"
Vaca homeopática
11 Pontos de alagamento II
Essa doença
Essa doença II
20 anos depois
A construção da destruição
"Mendigos serão sempre necessários"*
São Paulo Féchiom Uíqui
Absurdamente feliz!!!!!!
Prometeu acorrentado
Noite quente pra sonhos fumegantes
Figurantes principais
(Só)lilóquio
A vida nova que você me deu
“A tua santa tá querendo te enlouquecer"
FILOSOFIA DA EMPRESA
Queria o quê?
O desfragmentador
Ressonâncias magnéticas e eletrônicas
Não há mais paisagens no fundo do mar
Não é por aí
Só ao redor de si
“Vanessa, tire o véu da inocência”*
Supra-sumo
A falsa tranquilidade da chama da vela enquanto o Vento não vem
Defesa imundológica
So(i)sLaio
A cor do derramamento
Val-de-Cans
Vim buscar tudo o que é meu II
Fio narrativo
O abraço do taxidermista
Hidrografia do corpo
Tópy Méloddy
Bíblia
O colecionador
Banquete na Nova Higienópolis
ESTREIA OFICIAL DO MINICONTO - LADO B
Megaplégica
Cela de menor II
Agora eu me sinto assim
Vendem-se (no estado em que se encontram*)
Prometo ser fiel
Finados
A sombra da minha sombra
Leviatã pra viagem
“Dos seios de ‘Juliana’ ainda jorram leite”*
Parada de Lucas
MakLeys Cabeleireiros
11 Pontos de alagamento III
Luzinhas
Lugares
O poeta n.° 2
Lixo extra e ordinário
Ingrato grão
Ré-nuncia
VirtuAll
Refundação do abismo
Movimentos Mínimos para Deslocamentos Curtos (MMDC)
Busca e apreensão
Patologia do trato genital
Japão em 5 Tempos
I – Terremoto
II – Tsunami
III - Radiação
IV - Comboio decasségui
V – Os que sobramos
Pessoa do povo
O alvo é a paz
Família feliz (vende-se)
Brincando de devassa
Brincando de Bukowski
Natal polar
Bulingui
Dia dos Namorados
Ponha um pouco mais de de-li-ca-de-za
Vazamento de vida
Verniz saje
VAI!
Construdestruição
Construdestruição II
Captação híbrida
Isso
Programa de índio (ou Quase um Minifato)
Procura(dor)ia
UFC no metrô
Vida encapsulada
Morte Futebol Clube
Minicontos fraseados IV (Retrospectiva dos 5 Anos)
Minicontos intitulados II (Retrospectiva dos 5 anos)
Minicontos fraseados V (Retrospectiva dos 5 Anos)
Exercício diário de desapego
Minicontos fraseados VI (Retrospectiva dos 5 Anos)
Lixo hospitalar
Texto proibido para quem ainda tem esperança
Órfão II
Cracrolândia espalhada
Titanic mon amour
Buquê SP
Palace 3
Cerveja-almoço
Copromancia
Buquê SP II
Vá-te!
A menor roda gigante do mundo*
Quando a lágrima é maior do que a capacidade
Aí Cai
Paleontólogo amador
Tudo certo
Anonimato dos afetos escondidos
Razão-Ração
Greve no metrô
Ponto cego
Libertadores (Uma final à la timão)
Transformação
Autobiofagia
Ufa(!)nismo
NÃO10000000000000000000000000000000000000000000000000000000001
UHUlysses
Moeda de troca
Ré-curso
E-books, e-readers e e-erros
Ali os alicerces de Alice
Maison Favelas de Fogo
Drible do vácuo
dEXtino
Realize (Móveis Planejados)
Brinquedinho de armar-amar-matar
Finados
VEJA o homem da cabra
Cidade Execução
Reacionariozinho Bonsai
Conflito de gerações
Passar o Passat
(Em)possai!
Fim do mUNDO
Alternativas para escrever um conto de Natal
Ponte de safena
Sem tópico
Horroróscopo
Cricrítica
A fundação da cidade
UFC Romênia
Aluada I
Aluada II
Tá Tu
Passageiro
Desperta!
Ré-cear
Que bom quando você deixa uma boa impressão
Hai quase
Entrevistas de desdesemprego
Aliteração gastronômica
Parto partido
G(PS)
Noticiário
Heróis com heroína
Temporal
Seguro Total Ltda.
A mão do Papa à mão de Dilma
Fragrante
Capitu lar
Microrresumo de um provável miniconto
Casal moderno
Dialética da xenofobia crônica
Votos secretos
Sinsinata
Late, fundiário
Fran dá entrevista
Homem-seta
Teleguiado
A fundação de si
Nota de Repúdio
Facevida
Reinaldo Milhão - Leiloeiro oficial
Eu te amo
Idade das Trevas
O olho ruim da Ritinha
Os postes
Selfie sofre
Seleção natural
Projétil de vida
Eu era o Pateta
Acerto errado
Autógrafo sem data
Com este botão acaba tudo
Linha imaginária VIP
Poses e posses
UTI
Chocolate amargo
Davids da vida
Fiz uma sopinha pra ele comer
Tudo daqui
Rosa dos ventos
Testamento
Reclama o autor
Transformação na TV
Particularidades
Cesta de Natal
Formulário de emprego
Dicionário alternativo
Baixa-ajuda
Insônia
Ninguém taí pra nada
O Amor É Uma Coisa Quentinha
Às vésperas de nascimento de bebê real, Kate Middleton vai às compras
Mirante do ódio
Filipinas importadas ganham até R$ 2.000 como babá no Brasil
Tempos inverbais
Alta estrada
Aeroporto
Dia de faxinar sonhos
Levitação
Sommelier de catástrofes
O X da Xenofobia II
Eles
Levy, o Leve
De chinelo no AMA
A cor do Gasparzinho
A seus pés
Xadrez sem automotivo
Asterisco
Varreu o chão, limpou a casa
Por qual razão uma família abandonaria uma casa com tudo dentro?
10 melhores quiosques de praia para rezar
Macromicrocefalia
Look Passeata I (Versão oposicionista; escolha a sua)
Look Passeata II (Versão governista; escolha a sua)
Projeto Você
Ode ao Homem Ostra
O Supermercado Solitário agradece a sua visita
Estamos todos com você
Pré-cisão
Só Caras
Pessoas são pequenas
João de Dar Dó no Jr.
Flor do Sumaré
Ao sol, um mendigo velho bate os pés e sorri

1.9.16

 
Flor do Sumaré


Ele sente a vida amarga e compra um sonho.
Ela surge como a melhor doçura que já conheceu.

Ele a chama pro cinema. O filme? Qualquer um que ela estrele.
Ela dá olé nos beijos; ele acha que o cachê dela é muito pro seu orçamentinho.

Ele sussurra poemas no ouvido dela.
Ela ama os versos e toca seus lábios nos dele e vice-verso.

Ele pousa o anel no dedo dela e bamboleia ali todas as suas esperanças.
Ela joga o buquê e chove pétalas e lágrimas de um casamento inesquecível.

Ele a engravida.
Ela tem o bebê mais lindo do bairro.

Ele pega o rapaz na escola.
Ela se desespera com tanta coisa ruim que ensinam.

Ele perde o emprego.
Ela, a vontade de tudo.

Ele se despede do filho que não verá mais.
Ela perde o único pedaço de si que não estava despedaçado.

Ele, velho.
Ela, vela.

Ele mexe no celular e almoça com ela na padaria Flor do Sumaré.
Ela, no celular, finge que almoça.

Ele levanta e paga a conta.
Ela conta as pragas.

Ele volta sem o sonho que ela pediu.
Ela pergunta por que os sonhos custam tão caro.

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